segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Livro | Por Favor Não Matem a Cotovia, de Harper Lee




      
    Passado no Alabama, em 1930, Por Favor, Não Matem a Cotovia (To Kill a Mockingbird) de Harper Lee conta a história da alegre maria-rapaz Scout Finch e do seu pai, Atticus. O romance é tanto um livro acerca do crescimento intelectual como um comentário social; Isto porque quando a cidade de Maycomb é aturdida pelo julgamento de um homem afro-americano, Scout enfrenta questões complexas de género, classe e preconceito. 
    Scout é uma menina muito peculiar: é muito inteligente (aprende a ler antes de ir para a escola), confiante (luta com rapazes sem medo), cautelosa e bondosa (preocupa-se com o bem e com o mal e age sempre com as melhores intenções). Finalmente, ser uma maria-rapaz em 1930 no Sul dos E.U.A. é, já de si, muito distinto.
    No início do romance temos uma protagonista de cinco anos, inocente, sem nenhuma experiência com o mundo externo, principalmente com o mal que de lá vem. Conforme vamos progredindo, Scout entra em contacto com a maldade do preconceito racial, e vamos questionando se o seu carácter irá ser afectado, se ficará magoado ou destruído como o de outras personagens.
    Graças à sabedoria de Atticus, Scout aprende que, embora a humanidade tenha uma excelente capacidade para praticar o mal, tem também a capacidade de exercer o bem; que o mal pode ser revertido se o abordarmos com simpatia e compreensão. É quando Scout consegue desenvolver essa perspectiva que o romance culmina e assumimos que, o que quer que seja que encontre pelo seu caminho, conseguirá entender e resolver pelos seus próprios olhos. E apesar de ainda ser apenas uma criança, a sua personalidade evolui da inocência até quase maturidade.


    Não é necessário estar muito atento para perceber que Atticus Finch tem muita influência neste desenvolvimento. Atticus pratica a ética, a simpatia e a compreensão que tenta passar a Jem e Scout. Apesar da população de Maycomb ser deveras indiferente à igualdade racial, Atticus encontra motivos para os admirar. Reconhece que as pessoas têm qualidades boas e más, admirando o bem enquanto compreende e perdoa o mal. Ao contrário de Scout, Atticus não desenvolve - permanece com as suas virtuosas qualidades, tornando-se o guia moral e a voz da consciência do livro.
    
    Que mensagem passa o livro? A importância da educação moral, que deve começar desde pequeno. A importância de pensarmos com a nossa cabeça e vermos as coisas com os nossos próprios olhos. 
  Nos E.U.A é leitura obrigatória em quase todas as escolas. Pergunto-me se não deveria ser leitura obrigatória também cá em Portugal. 
    Foi uma resenha sem spoilers, porque é muito melhor lerem  sabendo as coisas muito por alto e depois serem arrebatados com o conteúdo do livro. As personagens estão bem construídas e apaixonamo-nos logo pela Scout, pelo Jem, pelo Dill, pelo Boo... A escrita é soberba. Começamos com um ritmo um pouco lento (como a cidade de Maycomb) e, depois, com a pirâmide dos acontecimentos a escalar, a escrita (ou a nossa curiosidade) trespassa o ritmo. Quando chegamos à última frase, queremos mais.
É certamente dos livros mais lindos que já li. E que recomendo.

Edição do aniversário de 50 anos (1960), publicado pela Arrow Books em 2010


Para aqueles que não apreciam muito ler, para aqueles que gostam de adaptações cinematográficas ou até para aqueles que não gostam, existe o filme de 1962 com o ~charmoso~ Gregory Peck. Foi uma grande adaptação, se calhar a melhor que já vi. Está disponível na Netflix (e por outras vias...*wink wink*).  Deixo-vos o trailer do blu-ray:


Por hoje é tudo!!

XOXO





2 comentários:

  1. Que bom voltaste a publicar... Já tinha saudades! Quanto ao livro. Li-o o ano passado, e foi uma daquelas leituras que marcou-me imenso. Encontra-se agora nos meus livros favoritos. Também concordo contigo... Devia ser um livro obrigatório. Ensina-nos a tolerar a diferença e a respeitar os outros.

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    1. Sim, realmente é um livro de que nunca nos esquecemos.
      Obrigada pelo comentário. Realmente tenho andado ausente...

      Beijinhos*

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